A intolerância à lactose é uma condição que afeta a capacidade do organismo de digerir a lactose — o açúcar natural presente no leite e seus derivados. Pode ser congénita ou surgir em qualquer fase da vida.

Segundo a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, cerca de 30% da população portuguesa é afetada por esta condição. No entanto, muitos casos permanecem por diagnosticar, levando a anos de desconforto abdominal após o consumo de leite e lacticínios.

No que consiste a intolerância à lactose?

A intolerância à lactose ocorre quando o organismo não produz lactase suficiente — a enzima responsável por digerir a lactose. Sem esta enzima, a lactose chega ao cólon, onde é fermentada por bactérias, originando gases e ácido lático, que causam os sintomas típicos.
Devido aos baixos níveis da enzima no intestino, há uma percentagem da população que demostra intolerância à lactose e, em consequência, tem dificuldade em digerir leite e lacticínios. 

Quais os principais sintomas?

O consumo de alimentos com lactose por pessoas intolerantes pode provocar: 

• Dor e distensão abdominal
• Cólicas
• Náuseas e vómitos
• Diarreia
• Flatulência

Intolerância à lactose é sinónimo de alergia ao leite de vaca?

Embora os sintomas da intolerância à lactose e da alergia ao leite de vaca possam ser similares, não representam a mesma condição. A intolerância ocorre quando o organismo se mostra incapaz de digerir a lactose. 
A alergia ao leite de vaca, é caracterizada por uma reação imediata do sistema imunitário às proteínas do leite. Os sintomas não só se manifestam a nível gástrico, como também a nível dermatológico ou respiratório. A alergia pode igualmente apresentar reações mais graves, como a anafilaxia. 
Portanto, os indivíduos que possuem intolerância à lactose deverão ser informados de que isto não significa que sejam alérgicos à proteína do leite de vaca e que podem consumir sem risco leite e derivados sem lactose.

Quais os tipos de intolerância à lactose existentes?

A intolerância à lactose pode manifestar-se de três formas distintas: 

• Intolerância congénita: É uma condição rara, de origem genética, em que o bebé nasce sem capacidade de produzir a enzima lactase. Os sintomas surgem logo após o início da amamentação.
• Intolerância primária: É a forma mais comum. Surge ao longo da vida, geralmente na idade adulta, devido à diminuição natural da produção de lactase. Esta redução pode variar de pessoa para pessoa e agravar-se com o envelhecimento.
• Intolerância secundária: Resulta de lesões nas vilosidades do intestino delgado, que afetam a produção de lactase. Pode ser causada por doenças gastrointestinais (como doença celíaca, doença de Crohn ou infeções intestinais), malnutrição, HIV ou até por infeções virais e bacterianas em crianças.

Em que alimentos posso encontrar a lactose?

A lactose encontra-se principalmente presente no leite, e em todos os seus derivados, incluindo o queijo, as natas, as manteigas e os iogurtes. Além destes pode ainda constituir alimentos que, na sua composição, contenham leite. Nomeadamente, os bolos e bolachas, purés instantâneos, chocolates. 
A lactose pode também estar presente como excipiente em alguns medicamentos ou mesmo em suplementos alimentares. 

Para além dos alimentos mais evidentes, como o leite e os seus derivados, existem muitos outros produtos que podem conter lactose de forma menos visível. A tabela seguinte apresenta exemplos de alimentos comuns e menos óbvios que podem incluir este açúcar na sua composição:

Por que razão uma pessoa pode ser intolerante ao leite mas não aos queijos?

Pode acontecer! O processo de fermentação dos queijos pode diminuir a lactose no alimento. Portanto, alguns queijos têm uma baixa percentagem ou até mesmo inexistência de lactose. Nomeadamente o queijo Brie, Edam e Mozarela não apresentam lactose na sua constituição, seguidos pelo Cheddar e Stilton compostos por apenas uma pequena percentagem de lactose. Além destes, existem diversas alternativas no mercado de queijos isentos de lactose. Contudo a resposta do organismo (mesmo a pequenas quantidades de lactose) pode variar de pessoa para pessoa, e os processos de produção dos queijos variam, pelo que cada pessoa deverá testar sempre pequenas quantidades e ficar atenta aos sintomas, antes de consumir estes queijos sem moderação. 

Como posso controlar a intolerância à lactose?

Para controlar esta intolerância é importante realizar uma dieta isenta de alimentos que contenham lactose, em especial os laticínios. Pode ainda ser aconselhado a suplementação da enzima lactase. Em alguns intolerantes não é obrigatório uma dieta completamente isenta de lactose, sendo a necessidade variável de individuo para individuo.

Qual a relação entre a intolerância à lactose com a intolerância ao glúten?

É possível associar a intolerância à lactose com a intolerância ao glúten em cerca de 35% dos casos. O facto de o intestino sofrer alterações em consequência à presença do glúten nos indivíduos intolerantes, faz com que as enzimas presentes nas vilosidades intestinais – como a lactase – deixem de estar presentes. Contudo, se o indivíduo realizar uma dieta isenta de glúten pode melhorar a sua saúde intestinal e desta forma recuperar a presença das enzimas digestivas. Logo, pode posteriormente deixar de ter sintomas quando consome alimentos com lactose. 

Como é efetuado o diagnóstico de intolerância à lactose?

O diagnóstico pode ser confirmado através do historial de sintomas após o consumo de lactose, ou da sua ausência quando adotada uma dieta sem lactose.
Existem três formas de realizar o diagnóstico de intolerância à lactose: mediante uma biópsia à mucosa intestinal, pelo doseamento da glicose no sangue ou através da medição do hidrogénio e metano no ar expirado, após ingestão de lactose. Este último – o teste respiratório do hidrogénio, não só é o mais preciso, como também o mais aconselhado.

Como pode a SYNLAB ajudar?

Se, de forma regular, sofre dos sintomas característicos da intolerância após o consumo de leite ou dos seus derivados, pode realizar o  LACTOTEST.

Na SYNLAB, existem duas formas de executar este teste – doseamento da glicose no sangue e teste respiratório. 
 
O teste respiratório tem a duração de 3 horas e 30 minutos e efetua-se através da recolha de 8 amostras de ar expirado a cada 30 minutos, após a ingestão inicial de uma solução que com lactose. Este é o método mais simples e rigoroso de avaliação da deficiência de lactase, sendo também o mais utilizado.
 
O teste de doseamento da glicose no sangue, tem uma duração de duas horas e que consiste na colheita de sete amostras de sangue a cada 15 minutos durante 120 minutos após a ingestão inicial de uma solução que contém lactose. É um teste alternativo e menos sensível.  

Confirmar a intolerância à lactose permite melhorar o bem-estar e a qualidade de vida. Contacte-nos para conhecer melhor este teste e esclarecer todas as suas dúvidas.

O diagnóstico é o primeiro passo para equilíbrio!
 

Bibliografia consultada:

•    https://celiac.org/about-celiac-disease/what-is-celiac-disease/ 
•    https://www.celiacos.org.pt/o-que-e/
•    https://www.celiacos.org.pt/dieta-isenta-de-gluten-o-que-e/ 
•    https://www.synlab.pt/analises-especiais/glutentest 
•    https://celiac.org/about-the-foundation/featured-news/2018/08/global-prevalence-of-celiac-disease/ 
•    https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/dist%C3%BArbios-gastrointestinais/ 
•    Symptoms and microbiota in Non-celiac gluten sensitivity patients, FPG Correia, 2020, Faculdade de Medicina, Instituto Politécnico de Lisboa - Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa. hdl.handle.net/10400.21/15183 
•   https://www.sns24.gov.pt/tema/doencas-gastrointestinais/doenca-celiaca/#o-que-e-a-doenca-celiaca